quarta-feira, 21 de outubro de 2009

por favor, senhor computador, faça com que eu me distraia.

[ O problema ]

como é que eu vou fazer pra você saber que é você? porque eu já sei. soube assim que te vi. sabe quando a gente ri à toa e simplesmente sabe? é você que vai trazer de volta as vontades e os castelos. é você que vai fazer os dias belos e ensolarados. é você que vai dar razão pra chuva e pro novo apartamento. vai ser você a companhia na frente da TV, no restaurante, em cada instante, todas as manhãs. só não seremos irmãos porque eu vou te beijar tanto, mas tanto, que você nunca vai ter tempo de chorar. eu vou te abraçar noites inteiras e te acordar devagar. é pra você que eu vou sorrir no café e é de você que vou sentir saudade. e vou me encher de vaidade com você ao meu lado. vamos andar de mãos dadas e seremos tão felizes! é você que os meus amigos vão amar e sou eu que vou amar os seus. e minha cara vai doer de sorrir cada vez que eu te olhar pra dizer eu te amo. e ninguém vai mais sofrer. mas como é que eu vou fazer você saber?

[ Das dores inevitáveis dentro da espera ]

sim, me dói um pouco. as vezes me dói bastante. como quando eu estou lá na platéia e vejo seu lugar ao meu lado mas você ainda não está. ou como quando eu sei que as pessoas todas vão te abraçar muito e te receber com palavras lindas. ou como quando eu preciso da sua opinião para tudo e quero conversar com você sobre o que acabamos de ver. sim, me dói. e me dói também quando eu morro de vontade de entrar no carro e pegar a sua mão enquanto decidimos para onde ir. ai, e como me dói quando eu me pego pensando na gente chegando em casa, entre beijos e sorrisos, e na noite inteira de amores, e na manhã com sol - dentro e fora. me dói também todo dia quando vai entardecendo e eu tento descobrir que filme você gostaria de alugar pra gente assistir no quarto, agarrados em baixo do cobertor. e, no calor, me dói pensar em bicicletas, sucos, parques, sorvetes e piscinas. e me dói ter que esperar as viagens, os lugares nunca visitados, as nossas férias, as nossas fotos. me dói diariamente pensar nos jantares, nos cinemas, nas risadas, nos papos das madrugadas, nas noites todas juntos antes de dormir. me dói, também, eu confesso, quando vejo possibilidades e já não me interesso porque você existe e eu já sei quem você é.


tento me distrair na alegria. mas a verdade é que me dói....


pra você não quero dor
você é a luz do caminho
é o ninho onde eu vou morar
você é o presente, o colo e o destino
você é a sorte de um amor tranqüilo

[ Amar? ]

"Mas eu sou inteiramente tragada pela pessoa que amo.
Sou como uma membrana permeável.
Se eu amo você, eu lhe dou tudo que tenho.
Dou-lhe o meu tempo, a minha dedicação, a minha bunda, o meu dinheiro, a minha família, o meu cachorro, o dinheiro do meu cachorro, o tempo do meu cachorro - tudo.
Se eu amo você, carregarei para você toda a sua dor, assumirei por você todas as suas dívidas (em todos os sentidos da palavra), protegerei você da sua própria insegurança, projetarei em você todo tipo de qualidade que você na verdade nunca cultivou em si mesmo e comprarei presentes de natal para sua família inteira.
Eu lhe darei o sol e a chuva e, se não estiverem disponíveis,
darei-lhe um vale de sol e um vale de chuva.
Darei a você tudo isso e mais, até ficar tão exausta e debilitada que a única maneira que terei de recuperar minha energia será me apaixonar por outra pessoa.
Não é com orgulho que revelo esses fatos sobre mim mesma, mas é assim que sempre foi."


Li hoje, mas sabia que já havia lido antes, e fui procurar.
Achei. Foi no livro que devorei durante o primeiro mês em Campinas,
o óbvio e ótimo Comer, Rezar, Amar.

Mas se você me perguntar, esse trecho aí, quem escreveu? eu diria: fui eu.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

[ Absoluto ]

Eu te amo com todo o amor que existe no mundo.