quinta-feira, 24 de setembro de 2009

[ Saudades ]

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.

Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.

Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.Saudade é basicamente não saber.

Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem comer pipoca por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o ortopedista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo suco de laranja, com beterraba e cenoura e pepino e melão e panz ;
se ela continua preferindo suco de abacaxi;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o Mc Donald's, se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...

(Miguel Falabella, com adaptações minhas.)

Preciso falar mais alguma coisa depois desse texto?

[ Guardado ]

(...) Você me faz querer viver,
E o que é nosso,
Está guardado em mim e em você
E apenas isso basta (...)

[Intense]

Só queria saber para onde foram as minhas noites de sono,
para onde foi minha razão, para onde foi minha paz e as minhas certezas....

Mas não nego que esse sentimento estranho é muito bom.

Ansiedade.
Carinho.
Felicidade.
Extase.
Ciúme.
Raiva.
Saudade.
Vontade.

É você estar tão perto e ao mesmo tempo tão longe, é a espera de te ver,de longe, mais um dia, é a paz que a tua presença me transmite EM SEGUNDOS.., é um medo gostoso do incerto, é querer que o relógio pare enquanto te vejo subindo as escadas....é bom, e é melhor do que qualquer outra coisa que já senti. É intenso, é verdadeiro, é recíproco. É tudo que alguém pode sonhar.Eu te amo como ninguém NUNCA vai te amar. E por te amar TANTO, fiz o que seria melhor pra você, e mais terrível pra mim. Saí de perto pra não te causar mais problemas...

Mas você NUNCA vai me perder, te espero... o tempo que for ;)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

[ Hipóteses sobre a burrice ]

Depois de três dias consecutivos de chuva, eu acordo, vejo que o tempo ainda está estranho apesar de não estar chovendo no momento, saio na rua e me deparo com dezenas de mulheres usando sandálias rasteiras.

COMOASSIM!?

Não tem um sapato fechado em casa? Sente prazer em mergulhar o pé na água de esgoto?Diante de tamanha falta de senso crítico, tentei achar uma explicação razoável para o fato e cheguei às seguintes hipóteses:

1. Essas mulheres tiveram deficiência de proteína na infância.
A mãe não deu danoninho, aí não desenvolveram bem as sinapses cerebrais, e panz...

2. Elas comeram cocô. Estavam lá no berço, meteram a mão, acharam cheiroso e mandaram ver.

3. Nasceram de parto normal e a mãe, depois de passar por três ou quatro maternidades públicas sem conseguir se internar, deu à luz na escadaria da Penha e as fulanas bateram a cabeça e rolaram os 382 degraus.

Foi uma dessas. Certeza.

sábado, 5 de setembro de 2009

[ a volta pra casa - em dois atos ]

eu sempre venho pra casa pensando em milhões de coisas. para dizer, para fazer, para mudar. nesses dias em que repito o caminho que me encerra essas noites repetidas e estranhas, sempre repito o pensamento e tento entender o que está acontecendo. é só comigo? eu me pergunto embora já saiba a resposta. é. tento entender que parte me faz feliz, que parte me deprime, que parte é totalmente absurda e o que, de tudo, sobra pra gente se dar de bom. o desejo. no final eu me faço propostas sinceras, mas quando chego lá no dia seguinte tudo me incomoda de novo. é mais forte do que as minhas mãos. é mais forte do que todas as minhas propostas fiéis durante a volta pra casa. é uma corda no pescoço.

eu sempre venho pra casa pensando em milhões de coisas. para te dizer, para te fazer, para te mudar. não, eu não quero te mudar. mas te mudando talvez eu pudesse mudar o que se repete dentro de mim todos esses dias repetidos de idas e vindas. o desejo. eu queria te perguntar o que está acontecendo. é só comigo? é. mas que parte te faz feliz? que parte te deprime? que parte é totalmente absurda? e o que é que, de tudo, a gente pode se dar de bom? é um pouco mais do que isso, não é? o desejo. mas pode ser sincero e fiel e sem nada que incomode no dia seguinte. não pode? porque é forte. e preenche alguns vazios das nossas idas e vindas e voltas pra casa. não? ou é uma corda no pescoço?

[ todos os santos estão cobertos ]

é tão fácil amar você que eu nem me culpo.
a heresia seria minha se eu não te amasse.
essa comunhão é a verdadeira oferenda.
eu te ofereço meu cuidado, meu tempo.
você me dedica (va) palavras e gestos e sons.
e tudo se ilumina quando eu te olho nos olhos.
e quando nos vemos, muito além do que pensam.
quando nos vemos como só nós sabemos.
com os olhos molhados ou não, é lindo e único e nosso.
e estava tudo lá, naquele abraço. em todos os abraços.

e como é doloroso reviver nossos abraços.
acho que estou com algum tipo de patologia (chefinhopatia??)
agora eu sinto seu perfume mesmo sem te abraçar.

tenho cura?

[pequena]

"joaninhas são
carinhos vermelhos
com pontos pretos."

Deus, agora eu sei por que razão existem as crianças.
Obrigada.

[ coisas/da/vida ]

1.
absurdo é o que não cabe em si, em nós.
aquilo que é difícil de expressar.
“absurdo” é depois que terminam todas as palavras,
mas a coisa continua linda. absurda.

2.
Toda vez que uma
carta de amor é rasurada,
uma borboleta morre.

3.
e se hoje fosse o fim?

[ A importância do vazio ]

O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada a ver com isso.